terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Venezuela e o Irã estão juntos organizando e preparando mísseis balísticos de alcance médio na Venezuela, que serão capazes de atingir cidades dos EUA






Os israelenses podem ser desculpados por terem ficado surpresos quando o Brasil e a Argentina anunciaram inesperadamente o reconhecimento de um Estado palestino independente com sua capital na mesma cidade da capital de Israel. Os israelenses podem ser perdoados por serem apanhados de surpresa pela mudança desses países e também pela perspectiva de que o Uruguai, e talvez o Paraguai, o Chile, o Peru, o Equador e El Salvador seguirão os passos deles, porque a mídia israelense fracassou em relatar a respeito destas tendências na América Latina.

E isso não é nada surpreendente. A mídia falha em relatar sobre quase todas as tendências que estão causando impacto no mundo. Por exemplo, quando o governo turco enviou apoiadores do Hamas para desafiarem o bloqueio marítimo das FDI [Forças de Defesa de Israel] à costa marítima de Gaza, controlada pelo Hamas, a mídia foi surpreendida porque a Turquia, aliada de Israel, subitamente passou a ser aliada do Hamas e inimiga de Israel.

O fracasso da mídia em relatar a respeito da gradativa transformação da Turquia em um Estado supremacista islâmico fez com que a mídia tratasse o que era o clímax de uma tendência como se fosse algo novo e chocante.

O mesmo está acontecendo agora com a América Latina.

Enquanto que, com relação à Turquia, a mídia falhou apenas em relatar sobre o significado de uma tendência singular de islamização da sociedade turca, ela tem consistentemente ignorado a importância para Israel de três tendências que tornavam o apoio da América Latina aos palestinos contra Israel iminentemente previsível.

Essas tendências são a ascensão de Hugo Chávez, a influência regional da aliança Venezuela-Irã, e a covardia da política externa americana em relação à América Latina e ao Oriente Médio. Quando consideradas como um todo, elas explicam por que os países latino-americanos estão alinhados para apoiar os palestinos. Mais importante ainda é que elas nos dizem algo sobre como Israel deveria estar agindo.

Durante a última década, o ditador venezuelano Hugo Chávez herdou o manto de Fidel Castro como o cabeça do clube latino-americano anti-americanista. Ele tem usado a riqueza do petróleo da Venezuela, dinheiro de drogas e outras fortunas ilícitas para arrastar países vizinhos para dentro de sua órbita e para longe dos Estados Unidos. O círculo de influência de Chávez agora inclui Cuba e Nicarágua, Bolívia, Uruguai e Equador, bem como Brasil, Paraguai, Argentina e Peru. Democracias como a Colômbia e o Chile também já estão dando passos na direção anti-americanista de Chávez.

A escolha do Irã por parte de Chávez não é nenhuma casualidade, embora parecesse assim para alguns quando a aliança inicial surgiu por volta de 2004. As pegadas do Irã na América Latina vêm crescendo gradativamente. Tendo início nos anos 1980, o Irã começou a fazer da América Latina uma base avançada de operações contra os EUA e o Ocidente. Ele usou agentes do Hezb’allah (Partido de Alá) e da Guarda Revolucionária e outros recursos de inteligência e terrorismo ao longo de uma área praticamente desgovernada da tríplice fronteira entre a Argentina, o Brasil e o Paraguai. Essa base, por sua vez, capacitou o Irã a cometer os atentados contra alvos israelenses e judeus em Buenos Aires no início dos anos 1990.

A presenca do Irã no continente permitiu que ele tirasse vantagem da consolidação do poder de Chávez. Desde que subiu ao poder em 2005, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad vem desenvolvendo alianças estratégicas com a Venezuela e com a Nicarágua.

Com a assistência de Chávez, Teerã está expandindo sua rede de alianças por toda a América Latina às custas dos EUA e de Israel.

À primeira vista, Chávez e Ahmadinejad são uma dupla estranha: um é marxista e o outro é jihadista-messiânico. Mas, após uma observação mais detalhada, tudo faz perfeito sentido. Eles compartilham das mesmas obsessões de ódio aos EUA e de amor pelo poder.

Chávez tem demonstrado sua dedicação em manter o poder destroçando seus oponentes, tomando o controle do Judiciário e da mídia, forçando emendas à constituição e cometendo repetidas fraudes nas eleições.

Enquanto isso, a campanha de sabotagem do WikiLeaks contra os EUA nos deu um relato em primeira mão sobre a magnitude da fraude eleitoral de Ahmadinejad.

Uma mensagem da Embaixada dos EUA no Turcmenistão, datada de 15 de junho de 2009, ou seja, três dias depois que Ahmadinejad roubou as eleições presidenciais iranianas, relata sobre uma conversação com uma fonte iraniana a respeito dos verdadeiros resultados das eleições. A fonte iraniana se referiu a elas como “um golpe de Estado”.

O regime declarou Ahmadinejad vencedor com 63% dos votos. De acordo com a fonte iraniana, ele recebeu menos que um quinto desse número. A mensagem foi expressa nos seguintes termos: “Baseados nos cálculos de observadores da campanha de Mousavi [o oponente Mir Houssain] que estavam presentes nas seções eleitorais em todo o país e que testemunharam a contagem dos votos, Mousavi recebeu aproximadamente 26 milhões (ou 61%) dos 42 milhões de votos depositados nas urnas na eleição da sexta-feira, seguido de Mehdi Karroubi (entre 10 e 12 milhões). (...) Ahmadinejad recebeu ‘no máximo de 4 a 5 milhões de votos’, sendo que os restantes foram dados a Mohsen Rezai”.

Não existe a possibilidade de ficar em cima do muro no confronto entre Irã e Israel. Os países da América Latina que defendem o Irã sempre o fazem em detrimento de suas relações com Israel. A Bolívia e a Venezuela cortaram suas relações diplomáticas com Israel em janeiro de 2009, depois de se colocarem ao lado do Hamas na Operação Chumbo Moldado. Em comentários feitos no site Hudson New York, Ricardo Udler, presidente da pequena comunidade judaica boliviana, disse que existe uma correlação direta entre o crescente relacionamento entre a Bolívia e o Irã e sua animosidade com relação a Israel. Nas palavras dele: “Cada vez que um funcionário iraniano chega à Bolívia, surgem comentários negativos contra o Estado de Israel e, logo a seguir, as autoridades bolivianas expedem um comunicado contra o Estado judeu”.

Udler também admoestou que “há informações de agências internacionais que indicam que o urânio da Bolívia e da Venezuela está sendo embarcado para o Irã”.

Isso aconteceu em outubro. Com o Irã parece que, se você está junto com ele por um centímetro, também estará junto por um quilômetro. Agora vimos que a Venezuela e o Irã estão juntos organizando e preparando mísseis balísticos de alcance médio na Venezuela, que serão capazes de atingir cidades americanas.

Não há nenhuma dúvida de que a aliança Venezuela-Irã e sua força crescente na América Latina podem ir bem longe para explicar a súbita urgência da América do Sul em reconhecer a “Palestina”. Mas há ainda mais a ser contado nessa história.

A tendência final que a mídia em Israel falhou em noticiar é o impacto que a política externa dos EUA na América do Sul e igualmente no Oriente Médio tem tido nas posições de nações como o Brasil e a Argentina com relação a Israel. Durante o governo Bush, a política dos EUA para a América Latina era um punhado incoerente de contradições. Por um lado, os EUA fracassaram em dar apoio aos oponentes de Chávez para derrubá-lo do poder quando tiveram a oportunidade em 2004. Os EUA falharam de forma semelhante por não apoiarem os democratas da Nicarágua em sua luta eleitoral contra o líder sandinista Daniel Ortega nas eleições de 2007. Por outro lado, os EUA promoveram, sim, fortes alianças com a Colômbia e com o Chile.

No governo Obama, a política americana para a América Latina tem se tornado mais direta. Os EUA deram as costas a seus aliados e estão dispostos a se humilhar para agradar seus adversários.

Em abril de 2009, o presidente americano Barack Obama ficou sentado durante 50 minutos ouvindo um violento discurso de Ortega na Cúpula das Américas. Depois ele foi atrás de Chávez para uma “sessão de fotos”. Em seu próprio discurso, Obama se distanciou da história dos EUA, dizendo: “Às vezes temos estado desengajados, e às vezes buscamos ditar nossos termos. Mas eu solicito a vocês que busquemos uma parceria de igualdade. Não existe um parceiro sênior e um parceiro júnior em nossos relacionamentos”.

Infelizmente, a tentativa de apaziguamento de Obama não fez bem algum. Em novembro de 2010 houve um incidente na fronteira entre a Nicarágua e a Costa Rica ao longo do rio San Juan. As forças de Ortega estão desobstruindo o rio como parte do projeto patrocinado pelo Irã para construírem um canal na Nicarágua, que seria rival do Canal do Panamá.

Até mesmo o embaixador de Obama em Manágua admite que Ortega permanece profundamente hostil aos EUA. Em uma mensagem de fevereiro de 2010, ilicitamente publicada pelo WikiLeaks, o embaixador Robert Callahan afirmou que a ofensiva de Ortega contra os EUA mostrava a “improbabilidade de prognosticar um Ortega novo e amistoso com quem poderemos trabalhar a longo prazo”.

Não foi simplesmente a recusa dos EUA em defender-se contra figuras como Chávez que fez com o [ex-]presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, se alinhassem com Chávez e com o Irã.

Eles também responderam aos sinais dos EUA em relação ao Irã e Israel.

A política de Obama de se envolver com o Irã e de aprová-lo não tem nenhuma chance de impedi-lo de obter armas nucleares. E exatamente como os árabes e os europeus, os sul-americanos sabem disso. Não há sombra de dúvida de que, ao menos em parte, o motivo de Lula assinar um acordo nuclear com Ahmadinejad e com Reccip Erdogan, da Turquia, na primavera passada, foi sua certeza de que os EUA não têm nenhuma intenção de impedir o Irã de obter armas nucleares.

Da persectiva de Lula, não existe motivo para participar da farsa americana de impedir o Irã de se tornar uma potência nuclear. Ele pode muito bem estar do lado vencedor. E, como Obama não se importa se o Irã vai vencer, ele vencerá.


Atentado contra a AMIA (Asociación Mutual Israelita Argentina) em Buenos Aires, no ano de 1994, onde morreram 85 pessoas e 300 ficaram feridas.
As mesmas regras se aplicam a Israel. Como os americanos, os árabes, os asiáticos e todo o mundo mais, os latino-americanos já observaram claramente que o único objetivo consistente da política externa de Obama é que ele quer forçar Israel a aceitar o hostil Estado palestino e a entregar todas as terras que controla desde 1967 para tipos como o chefe da OLP, Mahmoud Abbas, e para o ditador da Síria, Bashar Assad. Eles vêem que Obama se recusou a excluir a possibilidade de reconhecer o Estado palestino, mesmo que esse Estado seja proclamado sem que haja um tratado de paz com Israel. Isso significa que Obama não quer se comprometer a não reconhecer um Estado palestino que estará, de fato, em estado de guerra contra Israel.

A impressão de que Obama está completamente comprometido com a causa palestina foi reforçada, em vez de ser enfraquecida, pelo cancelamento do acordo Netanyahu-Clinton referente à proibição das construções de Israel na Judéia, em Samaria e em Jerusalém. O acordo era que Israel proibisse construções de judeus por um prazo adicional de 90 dias, em troca de uma garantia de que os EUA não solicitariam nenhuma outra futura proibição; apoiariam Israel no Conselho de Segurança da ONU por um tempo limitado, contra uma pressão palestina de declarar a independência sem que haja paz; e venderiam a Israel adicionalmente 20 jatos de combate F-35 em algum momento no futuro.

O acordo ruiu porque Obama não estava disposto a firmar esses compromissos por escrito, por insignificantes que pudessem ser. Isto quer dizer que o acordo caiu porque Obama não teria o menor compromisso de manter a aliança dos EUA com Israel.

Essa política sinaliza a países como o Brasil, a Argentina e o Uruguai que eles podem muito bem se unir a Chávez e ao Irã e voltar suas costas para Israel. Ninguém vai agradecer-lhes se ficarem atrás dos EUA em suas políticas pró-Irã e anti-Israel. Ao se moverem à frente dos EUA, eles obtêm os créditos devidos àqueles que metem seu dedo nos olhos de Washington.

Quando entendemos as tendências que levaram ao ato hostil da América Latina contra Israel, percebemos duas coisas. Primeiramente que, embora Israel poderia ter encontrado uma forma de atrasar a ação, provavelmente não poderia tê-la impedido. Em segundo lugar, dada a trajetória da política dos EUA, fica novamente óbvio que o único em quem Israel pode confiar para defender seus interesses – contra o Irã e igualmente contra os palestinos – é o próprio Israel. (Caroline Glick – www.carolineglick.com)

Do ponto de vista humano, a análise da autora é correta e clara: as nações, inclusive os EUA, não são confiáveis e todas se voltarão contra Israel. Só a conclusão final não é verdadeira: ao invés de confiar apenas em si mesmo, Israel deve esperar exclusivamente em Deus. Ele diz: “congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá; e ali entrarei em juízo contra elas por causa do meu povo e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam por entre os povos, repartindo a minha terra entre si” (Jl 3.2). “Esperai-me, pois, a mim, diz o Senhor, no dia em que eu me levantar para o despojo; porque a minha resolução é ajuntar as nações e congregar os reinos, para sobre eles fazer cair a minha maldição e todo o furor da minha ira...” (Sf 3.8).

Nenhum comentário:

Postar um comentário